24 novembro, 2018

Relato | Primavera dos Museus 2018 “Celebrando a Educação”- REM SP e Museu da Energia de São Paulo.

          


     Palestra e percurso “A Cidade como Experiência”Profa. Dra. Lilian Amaral (Media lab BR/UFG) | Colaboração da Arq. Letticia Rey (IAB / FAU USP) 


“A Cidade como Experiência” , tema da palestra|percurso proposto por nós enquanto integrantes da REM SP - Rede de Educadores de Museus do Estado de São Paulo - tem origem no Curso de Extensão homônimo realizado no primeiro semestre de 2018 a partir da articulação de coletivos, instituições culturais e acadêmicas – Mackenzie, FESPSP e Escola da Cidade para atuar junto ao TCC –“ Território Cultural da Consolação”, fruto do projeto TICP “Território de Interesse da Cultura e da Paisagem”, vinculado ao Plano diretor da cidade de São Paulo. A Palestra | Percurso objetivou criar espaços de encontro, compartilhamento de percepções sobre a cidade e as relações entre pessoas e o patrimônio cultural de forma a estimular a apropriação, o debate e a troca de experiências dos participantes. Paralelamente, trouxemos para a roda de conversa questões referentes à PNEM – Política Nacional de Educação Museal, recentemente lançada pelo IBRAM e disseminada na Primavera de Museus. Neste ano o tema proposto pela ação que congrega todas as práticas em torno dos museus e espaços de memória no país foi “Celebrando a Educação”. Assim, trouxemos para o grupo de discussão e prática de caminhar como forma de habitar os espaços públicos e as dimensões da nova Museologia, ou a museologia social que compreende o território como museu, implicando os sujeitos e engajando-os na preservação da memória e na definição do que seja patrimônio para cada um. Desenvolvemos cartografias afetivas em torno das relações entre os participantes e o patrimônio cultural do Bom Retiro/Luz/Campos Elísios. Em seguida, caminhamos em duplas tendo um dos participantes os olhos vendados e o outro, que o conduzia, inventariava, descrevia tudo o que constituía a paisagem cultural no pequeno trajeto realizado. No retorno, aquele que permaneceu de olhos vendados na ida, assumia o papel de inventariante para estimular o caráter investigativo. Nos deslocamos do Sesc Bom Retiro, que nos acolheu com todos os elementos para nossa discussão e prática e de lá caminhamos até a Avenida rio Branco pela Alameda Nothman, destacando elementos da paisagem, tais como instituições culturais, casas comerciais, vegetação, obstáculos, residências, habitantes, moradores de rua, tipos de pisos, acessibilidade, paisagem sonora local. Ao retornar para o SESC Bom Retiro, produzimos pequenos textos que compuseram um relato coletivo acerca do patrimônio cultural, em que destacamos os aspectos de vitalidade e de vulnerabilidade do território. O encontro apresentou-se como um potente instrumento de aproximação entre pessoas,  disparador de percepções e  afetos, revelando o potencial da cartografia e da caminhada como dispositivos que fortalecem a conexão dos habitantes e a cidade, de forma compartilhada, lúdica, dinâmica e propositiva.




Palestra Percurso A Cidade como Experiência. Lilian Amaral e Lettícia Rey. São Paulo, Primavera dos Museus, Sesc Bom Retiro, Setembro, 2018.



 Palestra - Lazer em Instituições Museológicas: a ação do Educador para a experiência de lazer do visitante espontâneo em espaços museológicos.

Marina Gouveia

Sou educadora, portanto defendo, valorizo e celebro a profissão a cada dia. Nesta 12º Primavera dos Museus pude celebrar a educação museal apresentando minha pesquisa sobre Lazer em Museus, desenvolvida como trabalho de conclusão do curso Lazer e Turismo, na EACH - USP. Na pesquisa "Lazer em Museus: a relevância do Educador para a experiência de lazer do visitante espontâneo"  ressalto a importância do profissional para além do atendimento aos grupos agendados: foco meu olhar para na influência que o educador pode ter no momento de lazer, de fruição, de diversão de um visitante espontâneo no espaço expositivo. Fortalecida pela PNEM, esta pesquisa demonstra quantitativa e qualitativamente a importância do profissional, pois mensurei, com muito cuidado, as experiências obtidas em visitas autônomas e mediadas, comparei os resultados e demonstrei com números e depoimentos que o educador é fundamental para potencializar o momento de lazer do visitante, transformando-o em uma experiência única. Ao longo da discussão, os diálogos propostos pelos presentes perpassaram por assuntos como mediação, suas técnicas e alcances, bem como a formação multidisciplinar e continuada que o educador deve ter. Além disso, falamos sobre como o educador pode viabilizar o desenvolvimento mútuo entrelaçando as experiências, pontos de vista e impressões compartilhadas pelos visitantes no momento da mediação. 



Palestra Lazer em Instituições Museológicas: a ação do Educador para a experiência de lazer do visitante espontâneo em espaços museológicos. Marina Gouveia, Museu da Energia de São Paulo, 2018.




 Oficina "Laboratório de Tradução: Arte e Educação" Fundação Marcos Amaro na cidade de Itu, SP

Thiago Consiglio

Realizei no dia 22 de setembro, a oficina "Laboratório de Tradução: Arte e Educação" na Fundação Marcos Amaro na cidade de Itu, SP. Como início contextualizei o tema da Primavera dos Museus que está pautada pela Política Nacional de Educação Museal (PNEM) e a atuação das diversas Redes de Educadores de Museus (REMs) do Brasil para a construção desta política pública. Depois apresentei brevemente a atuação recente da REM-SP para iniciar o conteúdo da atividade. Iniciamos nossa conversa a partir do relato dos participantes sobre as primeiras experiências que eles tinham memória em visitar espaços museológicos. Conversamos sobre a relação da educação com os museus e com as obras de arte e a abertura propostas nessas abordagens, diferentemente de um espaço escolar formal, por exemplo. Na segunda etapa da oficina, apresentei um recorte da minha pesquisa de mestrado em Educação para falar da atuação do educador museal enquanto tradutor. De início então conversamos sobre o que significa tradução no sentido tradicional e depois conversamos sobre as possibilidades da tradução no sentido contemporâneo e como a tradução faz parte essencialmente das ações educativas e das linguagens artísticas. Por fim realizamos uma atividade de tradução das obras expostas na exposição de arte contemporânea de longa duração da Fundação e conversamos sobre as interpretações.



Oficina "Laboratório de Tradução: Arte e Educação".  Thiago Consiglio,  Fundação Marcos Amaro na cidade de Itu, SP.


Expografia acessível - workshop teoria e prática, tendo o espaço do Museu da Energia de São Paulo como laboratório de  experimentação e análise.

Silvia Arruda

Como o Museu tem uma exposição permanente de longa duração com recursos acessíveis, foi feita uma visita guiada com os seus educadores. Através de uma sensibilização usando  cadeira de rodas, vendas e bengala para cegos, fizemos o percurso desde a entrada da rua.
Notamos que as entradas não tem sinalização de rota acessível e o cadeirante que chega pela Al. Cleveland não tem como acessar  pois o degrau não permite. Precisa dar uma grande volta e entrar pelo estacionamento. No início da rampa do prédio da exposição há uma tampa com buraco e o corrimão não tem barra intermediária. As peças com detalhes do prédio para toque estão numa bancada sem acesso  frontal para cadeirantes. As pessoas vendadas sentiram falta de  piso tátil para se guiarem e legendas/catálogo em braille. No geral tem boa circulação, piso nivelado, rampas e elevador. 




 “Expografia acessível” Workshop teoria e prática, tendo o espaço do MESP como laboratório de experimentação e análise. Silvia Arruda, Museu da Energia de São Paulo, 2018."

       Palestra- 40 museus diferentes em 40 dias.

Profa. Priscila Leonel


No dia 19/09/2018, aconteceu a Palestra “40 museus diferentes em 40 dias”, no Museu da Energia de São Paulo, como parte da proposta da REM-SP para a Primavera dos Museus. Neste encontro fomos muito bem acolhidos pela Luciana Nemes e toda equipe do Museu. Estiveram 5 pessoas presentes, sendo duas dela da própria instituição, dois ex- alunos meus da Etec Parque da Juventude que hoje trabalham no MOSB, museu vizinho, e um aluno de história da USP.  Explanei o tema, que é parte da minha pesquisa da dissertação de mestrado, sobre visitas a museus e mediação cultural e no fim fizemos um debate, no qual todos trouxeram suas histórias e experiências de como aproximar o patrimônio e os museus do público. Foi uma partilha muito rica.
Assim, a palestra abordou a pesquisa que traz como foco uma experiência de visitação em museus da cidade de São Paulo por meio de um projeto chamado 40 Museus em 40 Semanas. Com base nessa expe­riência, foi possível discutir questões sobre mediação cul­tural, acesso aos espaços de cultura e o próprio conceito de museu e para quem essa instituição serve. A pesquisa leva a uma discussão sobre museologia social e a criação de novos espaços museais que tragam em seu acervo o cotidiano e a vida das pessoas.
Cabe pontuar a importância de ter refletido sobre o projeto, pois com esse espaço de reflexão ele ganhou outras dimen­sões e pôde servir de exemplo para outras tantas pessoas que anseiam colocar seus projetos em prática; e mais do que isso, que possa ser um convite para sempre refletir sobre os proces­sos, pois, segundo Hannah Arendt (1979, p. 34), “todo aconteci­mento vivido precisa de um acabamento, sem este acabamento pensado, após o ato, sem a articulação realizada pela memória, simplesmente não sobra nenhuma atividade para ser contada.”.
 Estes encontros que fazemos pela Rede tem nos proporcionado estar ao lado dos nossos pares, que anseiam por compartilhar e mediar os museus e a cultura na cidade. Assim, vejo um grande potencial nas trocas que realizamos, onde as experiências vividas podem se tornar mais papáveis e nos inspirar a dar a continuidade nos projetos, alimentando essa rede e fortalecendo nossa prática, seja no museu ou na sala de aula do curso de museologia. Inspiramo-nos uns aos outros e permitimos que essa energia da mediação cultural se espalhe e ganhe novos corpos.
     

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